Archive for agosto 2016
É preciso ter a coragem de voltar; é preciso vencer o medo e a desconfiança do pai!
Ernest Renan, que foi um filósofo e historiador francês, racionalista, que não aceitava Jesus como Deus, no entanto escreveu no seu livro “A vida de Jesus”, que “a história do Filho Pródigo é a mais bela página da literatura universal”. De fato, não há página mais emocionante e que revele tanta bondade, mansidão, perdão e misericórdia. Com esta parábola Jesus quis revelar toda a misericórdia de Deus, que muito mais do que perdoar os pecados do pecador, perdoa o pecador. Não há como esgotar todo o ensinamento desta parábola.
Muitos se converteram meditando esta página do Evangelho de São Lucas. Diante da misericórdia de Deus Pai, tão magistralmente revelada por Jesus, não há coração que permaneça endurecido, e que não tenha o desejo de voltar para a casa do Pai.
Aquele filho desnorteado, sem vida e sem rumo, perdido no mundo, que parte iludido pelas fantasias do mundo, deixa em frangalhos o coração do pai, que não pode tirar-lhe a liberdade, e que o deixa partir, mas ficando com o coração sangrando, esperando-o um dia voltar. Deus não pode tirar a nossa liberdade, senão perdemos a sua semelhança.
A história do filho pródigo é assim com cada pecador longe de Deus. Mas Deus não desiste de nenhum deles; espera que volte, mesmo que seja movido pela dor, pelas lavagens do mundo, pelas traições dos amigos e pela desilusão das riquezas. Deus sabe esperar sem desesperar.
Aquele moço partiu cheio de vida, de encanto, achando que ia encontrar o céu na terra; e acabou encontrando o inferno. Bento XVI disse um dia que todos os que quiseram construir o céu na terra, acabaram criando o inferno. É uma lição que os homens precisam aprender. Hitler, Marx, Engels, Stalin, Lenin, Fidel Castro, Che Guevara, Mao Tse Tung, etc… quiseram o céu na terra e criaram o inferno do assassinato em massa.
O filho dissipou toda sua fortuna com os falsos amigos e com as prostitutas, e se viu nas no limiar do desespero, passando fome teve de se sujeitar a tratar de porcos e comer sua lavagem quando lhe permitiam. Que miséria! Restava-lhe apenas uma saída, pensava, voltar como escravo para a casa do pai, não mais como filho, pois já tinha recebido sua herança. Bendito hora que teve esta intuição! Entrou em si, se examinou e reconheceu o seu erro.
Viu a besteira que tinha feito, deixar a casa calorosa do pai, onde tinha de tudo, para se aventurar nas amarguras do mundo. Loucamente trocou as alegrias da casa paterna pela miséria em que se afundou; foi chocante demais. Tomou, então, a sábia decisão de voltar; viu seu orgulho quebrado e jogado na terra pela fome, e certamente já conhecia o bom coração do pai. Isso ele teve de bom, foi sincero, reconheceu seu pecado, pediu perdão, e quis apenas ser um escravo; se redimiu. Se reconheceu indigno de ser filho, pelo que fizera: “Levantar-me-ei e irei ter com meu pai”. Se deu conta que só teria tranquilidade junto da proteção paterna; não tinha outra opção. É a lição eterna que cada homem precisa aprender: não pode haver paz e felicidade fora da casa do Pai, longe de Deus. A meta do Mal é nos afastar de Deus e do seu amor.
A cena do reencontro daquele pai com o filho é algo de comovente, de encantador, faltam palavras para narrá-lo. Rembrandt retratou belamente em seu quadro. Certamente o moço esperava broncas, lições de moral, e estava com a alma preparada para isso. A fome aceita tudo para ser saciada. Mas, que nada, encontra, ao contrário, a compreensão e a misericórdia nunca vista antes. Longe de ser desprezado, humilhado, xingado, ele encontra o carinho e o amor de um pai manso e compassivo, com um coração sangrando e com lágrima nos olhos. O filho pode deixar de ser filho, mas o pai não deixa de ser pai. É a mais bela imagem de Deus misericordioso, “rico em misericórdia”, que espera cada filho com os braços e o coração abertos, desde que ele volte arrependido, ainda que seja mais pela dor do que por amor ao sofrimento causado ao pai por seus pecados. Num abraço o pai sufoca as palavras do filho perdido. Ele só pensa nisso: é meu filho, estava perdido, foi salvo; o resto não me interessa. A misericórdia não faz cálculos, não tem balança. Ninguém entende essa misericórdia sem limites; por isso o filho mais velho ficou tão irritado; não entendeu o que é a misericórdia do pai.
O pai lhe troca os farrapos por uma rica túnica. Manda colocar sandálias novas nos seus pés feridos pelas pedras do caminho, um anel no dedo e um banquete! Só mesmo um pai para fazer isso! Só mesmo um coração divino para nos ensinar tanta misericórdia e tanto amor por cada filho.
Bastou o filho voltar, arrependido, decidido, para ser premiado. O pai percebe a sua sinceridade nesta admirável declaração: “Não sou digno de ser mais chamado teu filho”. Ele confessou abertamente sua falta: “Pai, pequei contra o céu e contra ti”. É tudo que o pecador precisa fazer para ser premiado com o abraço paterno. É preciso ter a coragem de voltar; é preciso vencer o medo e a desconfiança do pai.
A conduta do filho mais velho, contudo, merece uma reflexão. Toma atitude diametralmente oposta à do pai. Deixa-se levar pela indignação; é egoísta. Fechado dentro de si mesmo. Não teve pena do irmão e faltou com a caridade para com ele, além de desrespeitar e obedecer o bom pai, a quem ele censura por ser tão generoso. O pai não se irrita. Mas o pai não se irrita também bom o filho mais velho. Tem o mesmo gesto de bondade e lhe pede participe da festa em honra do irmão que se perdera, mas que voltara.
Assim é Deus, em todas as ocasiões, clemente e misericordioso. Aqueles que se transviam, agindo como o filho pródigo, encontram junto Dele o perdão, a misericórdia e a paz, quando há a conversão autêntica do coração. É a “metanoia” salvadora, mudança completa de vida e de atitudes. Não podemos julgar o próximo como o filho mais velho da parábola, com severidade, com dureza, sem compaixão.
Jesus disse que veio salvar o que estava perdido. Veio buscar os doentes e não os sãos. Por isso, deixa as 99 ovelhas no aprisco e vai buscar a tresmalhada nos abismos e espinheiros. E Ele bate à porta do coração do pecador de maneiras diversas. É preciso responder-Lhe sem demora, confiando na Sua misericórdia.
Prof. Felipe Aquino
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Algumas lições do Filho Pródigo
A 14 de setembro, a Igreja celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Essa festa vem dos primórdios da cristandade, porque a morte do Senhor sobre a Cruz é o ponto culminante da Redenção da humanidade. A glorificação de Cristo e a nossa salvação passam pelo suplício da Cruz. Cristo, encarnado na Sua realidade concreta humano-divina, se submete voluntariamente à humilde condição de escravo (a cruz era o tormento reservado para os escravos) e o suplício infame transformou-se em glória perene.)
Os apóstolos resumiam sua pregação no Cristo crucificado e ressuscitado dos mortos, de quem provêm a justificação e a salvação de cada um. São Paulo dizia que Cristo cancelou “o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na Cruz” (Cl 2,14). É por isso que cantamos na celebração da adoração da santa Cruz na Sexta-Feira Santa: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo: Vinde! Adoremos!”
O caminho da cruz, da humilhação e da obediência, foi o que Deus escolheu para nos salvar. Por isso, amamos e exaltamos a santa Cruz. Santo Antônio, Doutor do Evangelho e “martelo dos hereges”, dizia: “Porque Adão no paraíso não quis servir ao Senhor (cf. Jr 2,20), por isso o Senhor assumiu a forma de servo (cf. Fl 2,7) para servir ao servo, a fim de que o servo já não se envergonhasse de servir ao Senhor.”
Poucos, como esse santo, conheceram o profundo mistério da encarnação do Verbo e Sua obediência até a morte de cruz para nos salvar. São Paulo resumiu tudo, dizendo aos filipenses que “sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente” (Fl 2,6-9). Se o Senhor passou por esse caminho de obediência, humilhação e crucificação, será que para nós, cristãos (imitadores de Cristo!), haverá outro caminho de salvação? Resposta: Não.
Somente pela cruz, que significa morte ao próprio Eu, à própria vontade, para acatar com fé, alegria e ação de graças a vontade de Deus, poderemos nos salvar. E é o próprio Senhor quem nos diz isso muito claramente: “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23) e “se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24b). Cada um tem a sua cruz.
Por que essa necessidade de tomar a cruz a cada dia? Por que é preciso morrer para dar fruto? A resposta é que o homem velho, corrompido pela concupiscência, só pode ser despojado de si mesmo pela cruz, a fim de que, como disse São Paulo, seja “revestido do homem novo, criado à imagem de Deus em justiça e santidade verdadeira” (Ef 4,22-24).
É pela nossa cruz de cada dia que cada um carrega, que Deus nos santifica (cf. Hb 12,10), fazendo-nos morrer para todas as más inclinações do nosso espírito. É pela cruz que chegaremos à glorificação, como o Senhor Jesus. É por isso que exaltamos a santa Cruz. E é por essa cruz de cada dia (doenças, aborrecimentos, penúrias, humilhações, cansaços, injustiças, incompreensões, etc.) que temos a graça e a honra de poder “completar em nossa carne o que falta à paixão do Senhor no seu Corpo, a Igreja”(cf. Cl 1,24).
É preciso lutar contra a repugnância que temos da cruz. São João da Cruz dizia que o que mais nos faz sofrer é o medo que temos da cruz. E Santa Teresa dizia que, quando a abraçamos nossa cruz com coragem e vontade, ela se torna leve. Enfim, precisamos levar a cruz e não arrastá-la…
A maior lição que aprendi com os santos foi esta: não há maior glória que possamos dar a Deus do que sofrer com fé, paz e esperança, dando graças a Ele por ter-nos achado dignos de sofrer por Seu amor. “A alegria dos moradores do céu, dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, consiste em sofrer e amar por amor a Deus”. Mas para isso precisamos da graça de Deus, pois nossa natureza tem horror à cruz. Entretanto, o que é impossível à natureza é possível à graça, disse Santo Agostinho. Fiquemos em paz porque Deus é fiel; e não nos dará cruzes mais pesadas do que as nossas forças; e cada uma delas será para o nosso bem, por mais incrível que possa parecer. Enfim, “tudo concorre para os que amam a Deus” (Rm 8,29); por isso devemos glorificá-lo sempre, especialmente nas horas amargas.
Exaltemos a santa Cruz!
Prof. Felipe Aquino
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A exaltação da Santa Cruz
“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.” (Mt 6,33)
Muitas pessoas fazem essa pergunta: o que Deus quer que eu faça? Qual a vontade de Deus para a minha vida? Que profissão devo seguir? Qual a minha vocação? Todos nós passamos por esse momento de decisão.
Alguém disse que “a primeira vitória de um homem foi ter nascido”. De fato, esta é a maior graça; como disse São Paulo, “Deus nos desejou em Cristo antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,4). São Paulo exortava os efésios a que levassem “uma vida digna da vocação à qual fostes chamados” (Ef 4,1).
Portanto, qualquer que seja a nossa atividade ou estado de vida, o mais importante é valorizar a vida, dom precioso de Deus.
O nosso Catecismo diz que “o homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso” (§44) e o Papa João Paulo II disse certa vez: “Não tenhais medo da santidade, porque nela consiste a plena realização de toda a autêntica aspiração do coração humano” (L’Osservatore Romano, 7/4/96).
Mas, a busca da santidade não está desatrelada da vida cotidiana, muito ao contrário, é inserida nela que se realiza. É no mundo do trabalho, da família, da ciência, da política, etc., que a vocação à santidade deve se realizar. Jesus pediu ao Pai: “Pai, não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal…” (Jo 17,15).
Já vimos que o “o trabalho não é uma penalidade, mas sim a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível” (§378).
Portanto, é necessário que cada um, com os talentos que Deus lhe deu, escolha e viva bem a sua profissão, e realize a sua vocação. Sabemos o quanto Jesus enfatizou a importância de não enterrar os talentos que Deus nos deu. Ele nos pedirá contas do que fizemos com eles.
O mais importante é o amor
Qualquer que seja a profissão a se escolher, esta deve estar a serviço do amor a Deus e ao próximo. E a primeira maneira de amar bem é trabalhar bem, pois assim estaremos servindo bem os outros. O Papa Paulo VI disse que “o amor é a vocação fundamental do ser humano” (Persona humana, 7).
É preciso que cada um de nós encontre o seu lugar, tanto na sociedade quanto na Igreja, sem desperdiçar a vida, o tempo e os talentos, pois os outros precisam de nós. Acumula méritos diante de Deus quem “faz o bem sem olhar a quem”. Ninguém pode se sentir inútil ou desnecessário neste mundo, pois para todos Deus tem uma missão, seja solteiro ou casado. “Quem não vive para servir não serve para viver”, diz um ditado. Amar é servir; e é isso que nos faz felizes e santos. Fazer o bem faz bem. Dom Bosco disse que “Deus nos colocou neste mundo para os outros”. Charlie Chaplin disse que “O homem não morre quando deixa de viver, morre quando deixa de amar”.
No amor está a força da vida. Amar é dar-se; de maneira espontânea, voluntária e desinteressada; muito mais do que dar coisas aos outros, é dar-se a si mesmo; sua dedicação, seu tempo, seu coração.
Só o amor constrói o homem e o mundo. Ele nunca morre ou acaba, mesmo que seja pregado numa Cruz. A razão da frustração do homem pós-moderno é que ele dominou o mundo e as estrelas, mas não aprendeu a amar o irmão que está a seu lado. Só uma vitória do amor pode dar paz e felicidade ao mundo.
Há muitas pessoas que ainda são más porque ainda não fizeram a experiência do amor; nunca foram suficientemente amadas. “O amor é a asa que Deus deu à alma, para que possa subir até ele”, disse Michelangelo. A falta de amor desintegra o homem e a humanidade.
Sabemos que a árvore que retiver os seus frutos perece. É preciso ser como a árvore, saber dar os seus frutos a qualquer um que se achega. Deus se dá aos que doam. Ninguém é pobre e infeliz quando ama. Nos enriquecemos pelo que damos, muito mais do que pelo que temos. O verdadeiro amor começa onde não espera nada em troca.
Mas para que você possa se dar, é preciso que você se possua. Ninguém dá o que não tem; ninguém dá aquilo que não possui; se você não se possui, não se domina, não têm o controle sobre as suas paixões, então, será difícil se doar aos outros. Esta é uma razão clara porque muitos são egoístas.
Alguém disse: Procurei a mim não me encontrei, procurei a Deus e não o encontrei, procurei o meu irmão e achei os três.
Amar é uma decisão consciente de ir ao encontro dos outros e dar-se a eles. Isto faz você feliz. Tudo aquilo que você encontra em seu caminho deve ser olhado como uma oportunidade de amar. O verdadeiro amor torna-nos livres porque nos liberta das coisas e de nós próprios.
Amar não é uma opção de momento, mas uma opção de cada momento. Não é um ato sentimental, é uma decisão. Jesus mandou que nos amássemos como Ele nos amou. E como Ele nos amou? Numa cruz. Não há nada de romântico e sensual numa cruz; mas há uma decisão.
O único “Império” que sobreviveu dois mil anos foi o que Jesus Cristo fundou sobre o amor, e até hoje milhões morreriam por ele. Só dura para sempre o que é feito por amor. O amor regozija-se com a felicidade do outro e dela faz a sua própria felicidade.
Duas coisas são necessárias para transformar uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios. Sabemos que não falta pão no mundo para todos se alimentarem; há muito mais do que o necessário, mas falta amor e os homens acabam carentes de pão.
Disse Madre Tereza de Calcutá que: “Um coração alegre é o resultado normal de um coração inundado de amor”.
Para amar é preciso estar disponível. Se alguém o procura com frio, é porque sabe que você tem o cobertor. Se alguém o procura com lágrimas, é porque sabe que você tem palavras de conforto. Se alguém o procura com dor, é porque sabe que você tem o remédio. Se alguém o procura com fome, é porque sabe que você tem alimento. Se alguém o procura com dúvidas, é porque acredita que você tem a orientação que ela precisa. Se alguém o procura com desânimo, é porque acredita que você tem fé. Ninguém chega por acaso a você!
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Qual a vontade de Deus para minha vida?
Herdeiro espiritual de São Francisco de Assis, o Padre Pio de Pietrelcina foi o primeiro sacerdote a ter impresso sobre o seu corpo os estigmas da crucificação. Ele é conhecido em todo mundo como o “Frei” estigmatizado.
O Padre Pio, a quem Deus deu dons particulares e carismas, se empenhou com todas as suas forças pela salvação das almas. Os muito testemunhos sobre a grande santidade do Frei, chegam até os nossos dias, acompanhados de sentimentos de gratidão. Suas intercessões providencias junto a Deus foram para muitos homens causa de cura do corpo e motivo de renovação do espírito.
Conheça alguns ensinamentos de Padre Pio que irão “sacudir” sua vida:
1 – Não se preocupe com o amanhã. Faça o bem hoje.
2 – Se Jesus nos faz assim felizes na Terra, como será no Céu?
3 – Se o temor o deixa angustiado, exclame com São Pedro: “Senhor, salve-me!” Ele lhe estenderá a mão: aperte-a com força e caminhe alegremente”.
4 – Procure fazer sempre melhor: hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje.
5 – Se o demônio não dorme para nos perder, Nossa Senhora não nos abandona nem um instante sequer.
6 – Quando desperdiça o tempo, você despreza o dom de Deus, o presente que Ele, infinitamente bom, abandona ao seu amor e à sua generosidade.
7 – Sejam como pequenas abelhas espirituais, que levam para sua colmeia apenas mel e cera. Que, por meio de sua conversa, sua casa seja repleta de docilidade, paz, concórdia, humildade e piedade.
8 – Faça sempre o bem, assim dirão: “Este é um cristão”. Suporte tribulações, enfermidades e dores por amor a Deus e pela conversão dos pobres pecadores.
9 – Um convertido exprimiu o receio de tornar a cair. Padre Pio disse-lhe: “Eu estarei com você. Você poderia pensar, meu filho, que eu deixaria recair uma alma que levantei? Vá em paz e tenha confiança!”
10 – Quem tem tempo não espere pelo tempo. Não deixemos para amanhã o que podemos fazer hoje. As sepulturas transbordam de boas ações deixadas para depois… E, além disso, quem nos diz que viveremos até amanhã? Escutemos a voz de nossa consciência, a voz do real profeta: “Se ouvirdes a voz do Senhor hoje, não queirais fechar vossos ouvidos”. Devemos renascer e acumular somente as riquezas que nos pertencem, lembrando de que somente o instante que escapa está sob nosso domínio. Não podemos intercalar tempo entre um instante e outro, pois esse não nos pertence.
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10 ensinamentos de Padre Pio para “sacudir” sua vida
Hoje é tempo de repensar a vida. É preciso reconhecer sua beleza e seu valor!
Jesus disse que Ele é a Vida (Jo 14,15). Ele é Deus e Deus é a vida. É por isso, que toda a natureza é uma explosão de vida.
Mesmo no reino mineral há movimento; os elétrons giram com velocidade vertiginosa em torno no núcleo do átomo. Os planetas giram em órbitas elípticas em torno do Sol. O Universo se expande e se abre numa altíssima velocidade. A lua gira em torno do Sol e o Sol gira na Via Láctea. Tudo se movimenta, tudo tem vida; até os minerais.
Os vegetais não se movem como os astros porque precisam de raízes para se manterem vivos. Mas, crescem sem cessar, se reproduzem, dão flores e frutos. É a vida vegetal, que acontece para dar vida aos animais; e para dar a vida e encantar ao homem. As flores lhe dão a beleza das formas, das cores e o aroma de seus perfumes. Que beleza a vida vegetal!
Acima está a vida humana, reflexo mais perfeito da vida divina. A vida mineral, vegetal e a animal são uma vitrine onde o Criador expõe os traços de sua beleza e o esplendor da Sua glória; no entanto, a vitrine mais bela é a da vida humana, a própria imagem do Criador. Nela há inteligência, liberdade, vontade, consciência, amor, memória…
O Cosmo se reproduz, os vegetais se multiplicam, os animais crescem e o ser humano povoa a Terra por ordem de Seu Deus.
Mas a vida anda sofrida, maltratada e rejeitada.
Deus é a Vida, ama a vida, e quer dar a vida, pois nada é tão belo e precioso como a vida. Contudo, parece que ela já não encanta mais o homem; ele perdeu o amor pela vida, por isso, a elimina e evita cada vez mais.
Os pássaros não se cansam de fazer seus ninhos para dar a vida a novos seres; para eles é algo irresistível, não sabem viver sem se multiplicar. Mas nós estamos perdendo este encanto, por isso, a vida anda triste, pois não reconhecemos mais a sua beleza e seu valor.
Que o Criador nos perdoe e faça com que amemos novamente a vida!
Prof. Felipe Aquino
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Deus ama a vida. E você?
No Evangelho da Missa de quinta-feira, após a Quarta-feira de Cinzas, Jesus nos faz uma exigência radical, sem meias palavras:
“Em seguida, dirigiu-se a todos: Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a si mesmo e se causa a sua própria ruína?” (Lc 9,23).
Jesus faz três exigências a quem quer ser seu discípulo:
1 – Renunciar a si mesmo;
2 – tomar a sua cruz a cada dia; e
3 – segui-lo.
Mas, o que é renunciar a si mesmo?
Certa vez alguém me disse: “Penso que renunciar a mim mesmo é algo mais difícil do que carregar a cruz. Renunciar a si mesmo é querer, de coração, deixar de fazer, ser, crer, o que queremos para nós, para nossa vida…e por amor a Deus, fazer o que Ele nos pede. Talvez com uma resignação mais intensa que a dos pais pelos filhos. É saber ser humilde, desprendido, é crer com o coração que Deus nos basta”. É uma boa reflexão.
A exigência de Jesus tem uma profunda razão: o pecado original – disse o papa João Paulo II – “tirou os nossos olhos do Criador e os voltou para as criaturas”. Nos fez egoístas, egocêntricos, de certa forma ególatras, adoradores de nós mesmos. A queda original adoeceu a nossa natureza; então, devemos abandonar as suas preferências é, de novo, com a graça de Deus, buscar as do Senhor. Aquilo que foi estragado deve ser abandonado; não é assim que fazemos com as comidas azedas?
Se Jesus manda que renunciemos a nós mesmos, isto é, a nossa vontade, trocar os nossos planos e desejos pelos Dele , é porque há algo de errado em nossas preferências, e que não nos faz felizes. É como se dissesse: “foge disso, lhe faz mal!”.
Renunciar a si mesmo não é jogar fora as suas qualidades e muito menos enterrar os talentos; ao contrário, é desenvolvê-los para usar segundo a vontade de Deus para a nossa vida. O pecado original nos fez ficar “brigando com Deus”, disputando entre fazer a vontade Dele e a nossa. Quando fazemos a nossa ao invés da Dele, estamos pecando. É o mesmo que Adão e Eva fizeram no Paraíso e depois ficaram com medo de Deus e se esconderam do Criador.
Não há vontade melhor para a nossa vida do que a de Deus. Ora, será que existe alguém que seja mais sábio, douto e santo que Deus? Será que alguém nos ama mais do que Ele? Então, por que temer Sua vontade? O Pe. Charles Foucauld, eremita do deserto, rezava a “Oração do abandono”:
“Pai, entrego-me nas Tuas mãos; faça de mim o que o Senhor quiser. Estou pronto para tudo e aceito tudo, desde que a Vossa vontade se realize em mim e em toda as criaturas. Deponho minha alma nas Tuas mãos, porque para mim é necessidade de amar, dar-me e entregar-me nas Tuas mãos, porque és o meu Pai.”
Fazer a vontade de Deus é, em primeiro lugar, fugir de todo pecado; é uma luta contra nós mesmos; por isso Jesus disse que “o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam”. (Mt 11, 12). Os violentos consigo mesmos; não com os outros. E isso é possível, com a graça de Deus, basta olhar a vida dos santos. É difícil renunciar a si mesmo; mas se Jesus manda isso, então, não pode nos negar a graça necessária.
Santo Agostinho lembra-nos que “o que é impossível à natureza, é possível à graça de Deus”. Por nós mesmos não conseguimos nos renunciar; Jesus avisou: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Então, a primeira providência é pedir ao Senhor: “Tem compaixão de mim; não sou capaz de abandonar o que eu quero para fazer o que Tu queres! Socorre-me com Tua graça”. É preciso ser mendigo de Deus para ser atendido por Ele. Só damos uma esmola a quem de fato não tem nada.
Jesus disse aos Apóstolos na Santa Ceia: “Se me amais guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15); isto é fazer o que Deus quer. Os 10 Mandamentos são a base da Moral católica; quem quiser “renunciar a si mesmo”, comece por obedece-los. Podemos também examinar a nossa conduta à luz dos pecados originais que a Igreja nos ensina que são os piores (soberba, ganância, luxúria, gula, ira, inveja e preguiça).
Renunciar a si mesmo é também não gastar o tempo e a vida com futilidades. João Paulo II dizia que “o cristão não pode viver uma vida na mediocridade”. Não podemos perder tempo com programas fúteis, vazios, que não deixam um crescimento para nós e para os outros. Jesus manda “buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33). Jesus diz que “quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á”. É um “sacrifício” mesmo, de nossa vontade, para fazer a Dele. Perder a vida para ganhá-la.
Prof. Felipe Aquino
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O que é renunciar a si mesmo?
Seguir Jesus é uma entrega ao que Ele pede de nós; é segui-Lo no ritmo do seu próprio passo, sem olhar para traz. Ou seguimos Jesus ou o perdemos.
Fiz essa pergunta a uma pessoa que ama Jesus, e ela me disse: “Seguir Jesus é nos espelharmos em seu exemplo humano. É olhar para Ele na cruz e lembrar que antes de estar no alto do Calvário, viveu como cada um de nós. Como Deus quis passar pelas mesmas necessidades, sofrimentos que os homens, para nos mostrar que nós também podemos conseguir. Que é possível. Que tem salvação. E que para ganhar o céu é preciso não só carregar a cruz, é preciso amá-la também, pois o sacrifício sem amor perde o sentido”. Boa resposta!
Seguir o Mestre é imitá-lo. É viver como Ele viveu, desapegado de tudo, manso e humilde de coração, puro, bondoso, pronto para servir e fazer o bem e não para ser servido, sem nada exigir, sem nada reclamar, “obediente até a morte e morte de cruz” (Fil 2,9), vivendo só para fazer a vontade do Pai . “Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6,38). “Meu alimento é fazer a vontade de meu Pai que está nos céus” (Jo 4,34). Esse também deve ser o “alimento” de quem quer seguir Jesus.
Jesus não ilude ninguém, fala claro a quem quer ser cristão de verdade: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8,20).
Seguir a Jesus é “buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça”(Mt 6,33). Já aos doze anos Ele queria isso: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49). “De mim mesmo não posso fazer coisa alguma… porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). “O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou” (Jo 14,31). E obedeceu ao Pai até fim: “Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua” (Lc 22,41-42).
Fazer a vontade de Deus, dizia Santo Afonso de Ligório (†1787) é “fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz”. Fazer o que Deus quer é algo objetivo: obedecer as leis de Deus, os Seus Mandamentos e viver a doutrina ensinada pela Igreja em termos de fé e de moral; querer o que Deus faz, é aceitar com resignação e fé tudo o que Deus permitir que aconteça conosco, sem revolta e
murmuração.
murmuração.
“Samuel replicou-lhe: Acaso o Senhor se compraz tanto nos holocaustos e sacrifícios como na obediência à sua voz? A obediência é melhor que o sacrifício e a submissão valem mais que a gordura dos carneiros. A rebelião é tão culpável quanto a superstição; a desobediência é como o pecado de idolatria” (1 Sm 15,22-23).
Quando se faz a Vontade de Deus, como Jesus, nada é pequeno e desprezível nesta vida, tudo se torna sagrado: o trabalho mental ou braçal, o estudo, a oração, a luta para manter a família e educar os filhos; enfim, tudo se torna santificador. É o que fazia o beato Henrique Suzo dizer: “Prefiro ser neste mundo o verme mais miserável da terra, pela vontade de Deus, do que um Serafim no Céu pela minha própria vontade!” Muitos se santificaram nas cozinhas, nas hortas, nas oficinas, nas portarias dos mosteiros… Aí seguiram Jesus.
A obediência sempre foi e sempre será a prova e a garantia da fidelidade. Foi por ela que Jesus salvou a humanidade, porque fez exatamente o que o primeiro Adão recusara fazer. Na obediência radical a Deus o Cristo “desatou o nó da desobediência de Adão” e nos reconciliou com o Pai. Da mesma forma, ensinam os Santos Padres, pela obediência da Virgem, ela desatou o laço da desobediência de Eva que lançou a humanidade na danação.
A partir daí, a obediência a Deus passou a ser a marca principal daquele que crê. Ela é o melhor remédio para os males que o pecado original deixou em nossa natureza: orgulho, vaidade, presunção, autossuficiência, exibicionismo, etc.
Seguir Jesus é servir com alegria e fidelidade. Como agrada a Deus o filho fiel! O profeta diz: “Iahweh guarda os passos dos que lhe são fiéis” (2Sm 22,26). E o Senhor Jesus disse: “Muito bem servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu Senhor” (Mt 25,21). Tudo o que recebemos de Deus nesta vida, é este “pouco” sobre o qual é testada a nossa fidelidade a Deus.
Seguir Jesus é ser obediente às suas leis, conforme a Igreja nos ensina. Jesus disse aos Apóstolos na última Ceia: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Ele deixou as suas exigências bem claro no Sermão da Montanha (Mt 5,6, e 7).
O Senhor instituiu a Sua Igreja para que a Sua vontade fosse expressa e objetivamente conhecida, e não ficasse ao sabor do julgamento de cada um. Ele garantiu à Sua Igreja – na última Ceia – que o Espírito Santo a conduziria “a toda a verdade” (Jo 16,13), e que a voz da Igreja é a Sua voz: “Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita aquele que me enviou”(Lc 10,16). A ela Ele entregou o Reino. “Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado do Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32). “Eu, pois, disponho o Reino a vosso favor, assim como o meu Pai o dispôs a meu favor” (Lc 22,29). Quem não segue a Igreja não segue Jesus.
Seguir Jesus é ser fiel Sua Igreja, e tudo aquilo que ela ensina. O Papa Paulo VI disse que “quem não ama a Igreja, não ama Jesus Cristo”. Quem não é fiel à Igreja, não é fiel a Jesus Cristo! Quem não serve a Igreja, não serve a Jesus Cristo… A Igreja é o Cristo prolongado na história dos homens. Quando a Igreja nos toca, e o próprio Senhor quem nos toca. Seguir Jesus é seguir a Igreja.
Não é fácil seguir Jesus, é preciso pensar bem antes disso. Para seguir Jesus é preciso uma vida de piedade, vigilância e oração, vida interior e contemplação, sem o que, a alma esfria no seu amor ao Mestre e pode perde-Lo de vista na estrada da vida. Sabemos que “mosca não assenta em prato quente”; quando a alma esfria, os demônios se aproximam dela para desviá-la do Mestre. Cada um de nós precisa procurar, na oração e na intimidade com o Senhor, quais são as exigências pessoais e concretas da sua vocação cristã. O que Ele quer de você. Seguir Jesus é uma entrega ao que Ele pede de nós; é segui-Lo no ritmo do seu próprio passo, sem olhar para traz. Ou seguimos Jesus ou o perdemos.
Não seremos julgados pela nossa capacidade intelectual e nem pela grandeza das nossas obras, mas, como disse santa Teresinha, pelo amor ao Mestre: “Jesus não quer nossas obras, quer o nosso coração”.
Prof. Felipe Aquino
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O que é seguir Jesus?
Não há como seguir e servir a Jesus sem tomar a cruz. São Pedro disse:
“Na medida em que participais dos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos, para que na revelação de sua glória possais ter uma alegria transbordante. Bem- aventurados sois se sofreis injúrias pelo nome de Cristo, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa em vós.” (1Pd 4,13-14).
Sentimos em nossa carne, que a conquista da perfeição cristã é algo que supera as nossas forças humanas, por isso os santos parecem aos nossos olhos como sobre-humanos.
Na verdade, foi com o auxílio da graça de Deus que chegaram ao estado da bem-aventurança. “O que é impossível à natureza, é possível à graça de Deus”, disse Santo Agostinho. Ele ensina que a graça não anula e nem dispensa a natureza, precisa dela e a enriquece.
Como Deus nos vocacionou para sermos santos, Ele dirige a nossa vida e os nossos passos sempre nessa direção. Na medida que a nossa liberdade o consente, Ele dirige os nossos caminhos para esse fim. É por isso que nos acontecimentos de nossa vida muitas vezes não entendemos o que nos sucede. Na verdade é a mão invisível de Deus a nos conduzir.
Edith Stein dizia que não sabia para onde ia, mas que estava em paz porque tinha certeza de que era Deus quem a conduzia. O médico não prescreve o medicamento que agrada ao paciente, mas aquele que o cura. Assim também, como o Médico das almas, Deus nos apresenta muitas vezes remédios amargos, cruzes, mas é para a nossa santificação. As provações e as tentações que Deus permite que nos atinjam são para o nosso bem espiritual.
A Bíblia nos dá essa certeza. Àqueles que querem ser seus discípulos, o Senhor exige:
“Aquele que quer ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, a cada dia, e siga-me.” (Lc 9,23). Após a disposição interior de “renunciar a si mesmo”, é preciso a mesma disposição para “tomar a cruz cada dia.”
Foi com a cruz que o Cordeiro de Deus tirou o pecado do mundo, e é também com a cruz que Ele tira o pecado enraizado em cada um de nós. Sabemos que o sofrimento não é obra de Deus, é a consequência do pecado.“O salário do pecado é a morte.” (Rom 6,23).
Para dar um sentido ao sofrimento, Jesus o transformou em“matéria prima” da nossa salvação.
Quem quer amar a Jesus não deve ter medo da cruz e deve tomá-la, resolutamente, “a cada dia”, como disse Jesus, porque é ela que nos liberta.
Para entender essa pedagogia divina vamos examinar o que nos ensina a Carta aos hebreus, no capítulo 12, sobre as provações. Começa dizendo que assim como fizeram os santos, devemos nos “desvinciliar das cadeias do pecado” (v.1), enfrentando o “combate que nos é proposto”, como Jesus, que “suportou a cruz” (v.2), sem se deixar “abater pelo desânimo.” (v.3).
Em seguida mostra-nos que tudo é válido na luta contra o pecado: “Ainda não tendes resistido até ao sangue, na luta contra o pecado.” (v.4).
Nesta luta vale a pena derramar até o próprio sangue, a própria vida. Em seguida a Carta recorda a citação dos Provérbios que diz:
“Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele, pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho.” (Prov. 3,11).
Assim como nós pais terrenos, corrigimos os nossos filhos, porque os amamos, Deus também o faz conosco. Quantas vezes eu precisei segurar no colo os meus filhos, quando ainda pequenos, para que o farmacêutico lhes aplicasse uma injeção. Só o amor por eles me obrigaria a tal ato, mesmo com o seu choro nos meus ouvidos.
Assim também Deus faz conosco; por amor, permite que as provações arranquem as ervas daninhas do jardim precioso de nossa alma. A palavra de Deus diz: “não desprezes a correção do Senhor” (v.5), portanto devemos acolhê-la, amá-la, mesmo que nos incomode. E ela continua: “Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos.
Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige?” (v.7). Somos filhos legítimos de Deus e não bastardos, por isso Ele nos corrige (v.8). E a palavra de Deus nos diz que Ele nos corrige “para nos comunicar a sua santidade.” (v.10).
Aí está a razão pela qual Jesus nos manda abraçar a cruz de cada dia. É pelas pequenas e numerosas cruzinhas de cada dia que o Artista Divino vai moldando a nossa alma, à sua própria imagem, assim como o artista vai esculpindo a bela imagem na madeira.
A nós cabe ter paciência e aceitar cada sofrimento, cada revés, cada humilhação, cada doença, enfim, cada golpe do Artista, com resignação e ação de graças. A obra será bela. A nossa natureza, é claro, sempre se revolta, se impacienta e se agita desesperada, e com isso, só faz aumentar ainda mais o sofrimento e agrava a situação.
O segredo para sofrer com paciência é não olhar nem para o passado e nem para o futuro, mas viver, na fé, o presente. Um dos grandes conselhos que Jesus nos deixou no Sermão da Montanha foi este: “Não vos preocupeis pois com o dia de amanhã (…). A cada dia basta o seu mal.” (Mt 6,34).
Deus sempre nos dará a graça necessária para carregar, com determinação, a cruz de cada dia. Cada um de nós tem a sua própria cruz, única e exclusiva, pois para cada tipo de doença há um remédio próprio. Não rejeitemos a cruz como crianças que rejeitam o remédio amargo que cura.
Prof. Felipe Aquino
Retirado do livro: “Só por ti Jesus”
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Por amor a Jesus, tomar a cruz a cada dia
A morte é um enigma, e muitos perguntam se nós veremos os nossos entes queridos no céu. A saudade é amarga e as lágrimas não podem deixar de rolar quando perdemos uma pessoa querida. Cristo chorou quando perdeu o amigo Lázaro.
Fé não é insensibilidade e dureza de coração. Você pode chorar, até diante dos filhos, mas chore como quem tem fé na ressurreição. Os santos nos garantem que veremos os entes queridos mortos que nos antecederam.
Diante da dor da morte gosto de me lembrar de Nossa Senhora aos pés da cruz do seu Amado. Ela perdeu o Filho Único…, Deus, morto de uma maneira tão cruel como nenhum de nós o será. Ela perdeu muito mais do que nós e não se desesperou. Certamente chorou muito, mas nunca se desesperou e nunca perdeu a fé. Aos pés da cruz de Jesus estava de pé (stabat!).
Podemos chorar os mortos; as lágrimas são o tributo da natureza, mas sem desespero e sem desilusão.
Até o céu; lá nos voltaremos a ver, ensinam os santos. Que grande felicidade será para nós poder encontrá-los, depois de ter chorado tanto a sua ausência! Não nos deixemos levar ao desespero quando alguém parte; não somos pagãos. Lá não haverá mais pranto, nem lágrimas e nem luto.
São Francisco de Sales disse: “Meu Deus, se a boa amizade humana é tão agradavelmente amável, que não será ver a suavidade sagrada do amor recíproco dos bem-aventurados… Como essa amizade é preciosa e como é preciso amar na terra, como se ama no Céu!”
São Tomás de Aquino garante que no Céu conheceremos nossos parentes e amigos. Diz o santo doutor:
“A contemplação da Essência Divina não absorve os santos de maneira a impedir-lhes a percepção das coisas sensíveis, a contemplação das criaturas e a sua própria ação. Reciprocamente, essa percepção, essa contemplação e essa ação não os podem distrair da visão beatífica de Deus” (S. Teológica, 30, p. 84).
A morte não é o aniquilamento estúpido que pregam os materialistas sem Deus, mas o renascimento da pessoa. A Igreja reza na Liturgia que “a vida não é tirada mas transformada”.
Só o cristão valoriza a morte e é capaz de ficar de pé diante dela. Deus não nos criou para o aniquilamento estúpido, mas para a sua glória e para o seu amor. Fomos criados para participar da felicidade eterna de Deus.
Santa Teresinha disse ao morrer: “não morro, entro para a vida”.
A árvore cai sempre do lado em que viveu inclinada; se vivermos inclinados ao Coração de Jesus, nele cairemos.
É preciso saber educar os filhos também diante da morte; a psicologia recomenda, por exemplo, que os pais deixem os filhos verem os mortos, se assim eles desejarem, embora não devam forçá-los. Fale da morte com naturalidade aos filhos, e aproveite o momento para ensinar sobre o céu e sobre a ressurreição. Não se pode permitir que as crianças assistam cenas de desespero diante da morte, mesmo que se possa manifestar a dor e sofrimento diante delas.
O grande santo São Francisco Xavier, jesuíta, amigo íntimo de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, foi evangelizar o Japão e a China e por lá morreu. Sabendo que não mais poderia ver o rosto do seu querido amigo Santo Inácio, escreveu-lhe uma carta onde dizia: Não mais verei o teu rosto, mas lá no céu te darei um abraço que durará para sempre.
Prof. Felipe Aquino
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Veremos os parentes no céu?
O grande doutor da Igreja São Francisco Sales (1567-1655) tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na Idade Média, que “é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do purgatório”. Eis o que ele nos dia:
1. As almas ali vivem uma contínua união com Deus.
2. Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.
3. Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.
4.Querem permanecer na forma que agrada a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.
5. São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.
6. Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.
7. São consoladas pelos anjos.
8. Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.
9. As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.
10. Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.
11. O purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.
(Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão).
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