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sábado, 20 de agosto de 2016
Por ocasião da dedicação do Mosteiro de Monte Cassino em 1964, após sua reconstrução, o Papa Paulo VI proclamou São Bento (ca. 480 - ca. 547) patrono principal de toda a Europa. O título, apesar de um pouco exagerado, é verdadeiro sob vários aspectos.
São Bento não construiu o Mosteiro de Monte Cassino com a intenção de salvar a cultura, mas, de fato, os mosteiros que depois seguiram a sua Regra foram lugares onde o conhecimento e os manuscritos foram preservados. Por mais de seis séculos, a cultura cristã da Europa medieval praticamente coincidiu com os centros monásticos de piedade e estudo.
São Bento de Núrsia, detalhe de um afresco de Fra Angelico, (1395-1455) Museu de São Marcos, Florença
São Bento não foi o fundador do monaquismo cristão, tendo vivido quase três séculos depois do seu surgimento no Egito, na Palestina e na Ásia Menor. Tornou-se monge ainda jovem e desde então aprendeu a tradição pelo contato com outros monges e lendo a literatura monástica. Foi atraído pelo movimento monástico, mas acabou dando-lhe novos e frutuosos rumos. Isto fica evidente na Regra que escreveu para os mosteiros, e que ainda hoje é usada em inúmeros mosteiros e conventos no mundo inteiro.
A tradição diz que São Bento viveu entre 480 e 547, embora não se possa afirmar com certeza que essas datas sejam precisas do ponto de vista histórico. Seu biógrafo, São Gregório Magno, papa de 590 a 604, não registra as datas de seu nascimento e morte, mas se refere a uma Regra escrita por Bento. Há discussões com relação à datação da Regra, mas parece haver consenso de que tenha sido escrita na primeira metade do século VI. São Gregório escreveu sobre São Bento no seu Segundo Livro dos Diálogos, mas seu relato da vida e dos milagres de Bento não pode ser encarado como uma biografia no sentido moderno do termo. A intenção de Gregório ao escrever a vida de Bento foi a de edificar e inspirar, não a de compilar os detalhes de sua vida quotidiana. Buscava mostrar que os santos de Deus, em particular São Bento, ainda operavam na Igreja Cristã, apesar de todo o caos político e religioso da época.
Por outro lado, seria falso afirmar que Gregório nada apresenta em seu texto sobre a vida e a obra de Bento. De acordo com os Diálogos de São Gregório, Bento (e sua irmã gêmea, Escolástica) nasceu em Núrsia, um vilarejo no alto das montanhas, a nordeste de Roma.
Seus pais o mandaram para Roma a fim de estudar, mas ele achou a vida da cidade eterna degenerada demais para o seu gosto. Por conseguinte, fugiu para um lugar a sudeste de Roma, chamado Subiaco, onde morou como eremita por três anos, com o apoio do monge Romano. Foi então descoberto por um grupo de monges que o incitaram a se tornar o seu líder espiritual.
Mas o seu regime logo se tornou excessivo para os monges indolentes, que planejaram então envenená-lo. Gregório narra como Bento escapou ao abençoar o cálice contendo o vinho envenenado, que se quebrou em inúmeros pedaços. Depois disso, preferiu se afastar dos monges indisciplinados.
São Bento estabeleceu doze mosteiros com doze monges cada, na região ao sul de Roma. Mais tarde, talvez em 529, mudou-se para Monte Cassino, 130 km a sudeste de Roma; ali destruiu o templo pagão dedicado a Apolo e construiu seu primeiro mosteiro. Também ali escreveu sua Regra para o Mosteiro do Monte Cassino, já prevendo que ela poderia ser usada em outros lugares. Os 38 pequenos capítulos do Segundo Livro dos Diálogos contêm vários episódios da vida e dos milagres de São Bento.
Algumas passagens dizem que podia ler o pensamento das pessoas, outras mencionam feitos miraculosos, como quando fez brotar água de uma rocha e um discípulo andar sobre a água; outra passagem menciona um jarro de óleo que nunca se esgotava.
As histórias de milagres fazem eco aos acontecimentos da vida de certos profetas de Israel, e também da vida de Jesus. A mensagem é clara: a santidade de Bento é como a dos santos e profetas de antigamente, e Deus não abandonou o seu povo, mas continua a abençoá-lo com homens santos. Bento deve ser encarado como um líder monástico, não como um erudito.
Provavelmente conhecia bem o latim, o que lhe dava acesso aos escritos de Cassiano e outros, incluindo regras e sentenças. Sua Regra é o único texto conhecido de Bento, mas é suficiente para manifestar a habilidade genial com que cristalizou o melhor da tradição monástica e trouxe-a para o Ocidente. Gregório apresenta Bento como modelo de santo que foge da tentação para levar uma vida de atenção à presença de Deus. Através de um esquema equilibrado de vida e oração, Bento chegou ao ponto de se aproximar da glória de Deus. Gregório narra a visão que Bento teve quando sua vida chegava ao fim: "De súbito, na calada da noite, olhou para cima e viu uma luz que se difundia do alto e dissipava as trevas da noite, brilhando com tal esplendor que, apesar de raiar nas trevas, superava o dia em claridade.
Nesta visão, seguiu-se uma coisa admirável, pois, como depois ele mesmo contou, também o mundo inteiro lhe apareceu ante os olhos, como que concentrado num só raio de sol" (cap. 34). São Bento, o monge por excelência, levou um tipo de vida monástica que o conduziu à visão de Deus.
(Traduzido de The Modern Catholic Encyclopedia, The Liturgical Press (1995), 77-78)
São Bento, abade - Dia 11 de Julho (SMA)
Hoje a Igreja Católica lembra São Bento. A vida do "pai do monaquismo ocidental" é conhecida por nós através dos Diálogos de são Gregório Magno. Tendo abandonado o "mundo" o jovem Bento fez primeiro experiências de vida "eremítica" (solitária); posteriormente, após a trágica experiência de reformar monges em Vicovaro (tentaram envenená-lo), passou a Subiaco.
Expulso de lá, dirigiu-se a Montecassino, onde iniciou a vida "cenobítica" (comunitária) e escreveu a célebre "Regra" monástica. Esta funde em bela harmonia a experiência ascética dos orientais (especialmente de Basílio), a sabedoria romana, o espírito e sabedoria evangélica. Une oração e trabalho ("ora et labora"), quer manual, quer intelectual, sob a orientação do Abade (Pai).
Tudo na Regra é simplicidade e prudência, severidade e brandura, liberdade e sujeição. Os beneditinos espalharam-se pela Europa e converteram-se a Cristo, conservando a sua unidade religiosa. Por isso, São Bento foi proclamado por Paulo VI, em 1964, principal "Padroeiro da Europa".
Liturgia
I Leitura Pr 2, 1-9
Leitura do Livro dos Provérbios
Meu filho, se aceitares as minhas palavras, e guardares contigo os meus mandamentos, prestando atenção à sabedoria e inclinando o teu coração ao conhecimento da prudência; se suplicares a inteligência e pedires em voz alta a prudência; se andares à sua procura como ao dinheiro, e te lançares no seu encalço como a um tesouro; então compreenderás o temor do Senhor, e alcancarás o conhecimento de Deus. Porque é o Senhor quem dá a sabedoria, de sua boca procedem a ciência e o discernimento. Ele reserva o êxito aos retos. É um escudo para quem caminha com integridade, protege aquele que segue as veredas da justiça e guarda o caminho dos seus fiéis. Então conhecerás a justiça e o direito, a equidade e todo bom caminho.
Palavra do Senhor.
Graças à Deus.
Palavra do Senhor.
Graças à Deus.
Salmo 33
Evangelho Mt 19, 27-29
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: "Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que haveremos de receber?" Jesus respondeu: "Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna."
Palavra da Salvação.
Glória a vós, Senhor.
Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: "Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que haveremos de receber?" Jesus respondeu: "Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna."
Palavra da Salvação.
Glória a vós, Senhor.
ORAÇÃO DE SÃO BENTO
Crux Sacra Sit Mihi Lux
Non Draco Sit Mihi Dux
Vade Retro Satana Nunquam Suade Mihi Vana,
Sunt Mala Quae Libas, Ipse Venena Bibas
Non Draco Sit Mihi Dux
Vade Retro Satana Nunquam Suade Mihi Vana,
Sunt Mala Quae Libas, Ipse Venena Bibas
A MEDALHA DE SÃO BENTO
A medalha de São Bento é um sacramental.
Na sua frente (onde tem a imagem do santo) está escrito:
Ó Deus, que com tantos e tamanhos privilégios honrastes a preciosa morte do gloriosíssimo patriarca São Bento, concedei, assim vo-lo pedimos, que à hora da nossa morte sejamos defendidos das ciladas do inimigo, pela presença daquele cuja memória celebramos. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém
Já no verso da medalha está escrito:
cruz (vertical) - C S S M L = Crux Sacra Sit Mihi Lux = A cruz sagrada seja a minha luz
cruz (horizontal) - N D S M D = Non Draco Sit Mihi Dux = Não seja o dragão o meu guia
círculo em volta da cruz - V R S N S M V S M Q L I V B = Vade Retro Satana Nunquam Suade Mihi Vana, Sunt Mala Quae Libas, Ipse Venena Bibas = Retira-te Satanás, Nunca me aconselhes coisas vãs, É mau o que tu ofereces, Bebe tu mesmo o teu veneno.
Fonte: Missal Cotidiano e Mosteiro de São Bento Brasilia