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terça-feira, 13 de setembro de 2016
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e o constituiu na sua amizade. Criatura espiritual que é, o homem só pode viver na amizade com Deus, se livremente for submisso ao Criador. É o que significa a proibição, feita ao homem, de comer da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, como Deus lhe disse: “pois no dia em que dela comeres, terás que morrer” (Gn 2,17).
“A árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2,17) significa, simbolicamente, o limite intransponível que o homem, como criatura, deve livremente reconhecer e respeitar com confiança. O homem depende do Criador, está submetido às leis da criação e às normas morais que regem o uso da liberdade.
Tendo sido criado por Deus, cabe ao Criador dizer como a criatura deve viver para ser feliz. Deus é o Projetista do homem e o seu criador; logo; conhece profundamente todas as faculdades que concedeu à Sua criatura. Se esta lhe virar as costas, será infeliz.
Imagine uma pessoa que compre, por exemplo, um ventilador, cujo fabricante indique no catálogo que se ligue o aparelho em 110 volts; mas que ao usar o ventilador insista em ligá-lo em 220 volts para “funcionar melhor”. O que vai acontecer? Vai queimar o aparelho. Por quê? Porque desobedeceu ao catálogo do fabricante.
É exatamente isso que acontece com o homem, desde o Paraíso; preferiu seguir a sua vontade e não a do Seu Criador; por isso, provocou o caos na sua vida.
A liberdade do homem e o seu amor a Deus foram colocados à prova, pois Deus quer ser amado livremente pelas criaturas que Ele criou e colocou em sua amizade. Sem liberdade o amor não é autêntico, não tem valor. O pecado original revela que o homem não passou nesta prova do amor. Nosso Catecismo confirma:
“É o que exprime a proibição, feita ao homem, de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, “pois, no dia em que dela comeres, terás de morrer” (Gn 2,17)… O homem depende do Criador, está submetido às leis da criação e às normas morais que regem o uso da liberdade.” (§396)
Infelizmente, tentado pelo Diabo, o homem deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Quis ser como Deus, por soberba, colocou Deus em segundo lugar, e assim destruiu o plano inicial de Deus. Confirma o Catecismo:
“Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade. Neste pecado, o homem preferiu a si mesmo a Deus, e com isso menosprezou a Deus: optou por si mesmo contra Deus, contrariando as exigências de seu estado de criatura e consequentemente de seu próprio bem. Constituído em um estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente “divinizado” por Deus na glória. Pela sedução do Diabo, quis “ser como Deus”, mas “sem Deus, e antepondo-se a Deus, e não segundo Deus”. (§397-8)
Assim o pecado é apresentado, segundo o texto bíblico, como uma recusa pessoal a Deus, Um NÃO dito a Deus. Começa pela recusa da confiança em Deus; progride não apenas como desobediência, mas também como “tentativa de se apoderar, por própria força, daquilo que é reservado a Deus e ser igual a ele. Os homens rompem suas relações pessoais com seu maior benfeitor. Não surpreende se Deus se torna imediatamente estranho e terrível a eles.” (Mysterium Salutis II/3, pg. 314-315)
Assim explica o conceituado Tanquerey, no seu “Compêndio de Teologia Ascética e Mística”: “Era uma tentação de orgulho, de revolta contra Deus. O homem sucumbe e comete formalmente um ato de desobediência, como mostra S. Paulo (Rm 5), mas inspirado pelo orgulho, e imediatamente seguido de outras faltas. Era uma culpa grave, pois era recusar submeter-se à autoridade de Deus; era uma espécie de negação de seu domínio supremo e da sua sabedoria, já que este preceito era um meio de provar a fidelidade do primeiro homem; culpa tanto mais grave, quanto melhor conheciam os nossos primeiros pais a infinita liberalidade de Deus para com eles, os seus direitos imprescritíveis, a gravidade do preceito manifestado pela gravidade da sanção que lhe fora anexa; e, como não eram arrastados pelo ímpeto das paixões, tinham tempo de refletir sobre as consequências formidáveis dos seus atos” (idem, pg. 34).
A Bíblia de Jerusalém, em um a nota, explica a expressão “a árvore do conhecimento do bem e do mal”, assim:
“Esse conhecimento é um privilégio que Deus se reserva e que o homem usurpará pelo pecado (Gn 3,5.22). Não se trata, pois, nem da onisciência, que o homem decaído não possui, nem do discernimento moral, que o homem inocente já tinha e que Deus não pode recusar à sua criatura racional. É a faculdade de decidir por si mesmo o que é bem e o que é mal e de agir consequentemente: reivindicação de autonomia moral pela qual o homem nega seu estado de criatura (cf. Is 5,19-20). O primeiro pecado foi um atentado à soberania de Deus, um pecado de orgulho. Esta revolta imprimiu-se concretamente pela transgressão de um preceito estabelecido e representado sob a imagem do fruto proibido” (Bíblia de Jerusalém, E. Paulinas, 1985, pg. 34)
“Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce! Ai daqueles que são sábios aos próprios olhos, e prudentes em seu próprio juízo!” (Is 5, 19-20)
Não comer do fruto da árvore do bem e do mal, significa, pois, que o homem deveria obedecer a Deus para ser feliz, para se manter no estado de graça e de santidade em que foi criado. Assim, não deveria nem morrer e nem sofrer. E hoje, a humanidade continua o mesmo caminho de recusar a seguir a lei de a vontade de Deus; por isso, continua a sofrer e a chorar.
Prof. Felipe Aquino
http://cleofas.com.br/o-que-e-a-arvore-do-bem-e-do-mal/